Os eclipses e o jogo de luz e sombra da humanidade

Eu tinha preparado no domingo um post de Instagram sobre o eclipse lunar de hoje. Tinha dado um trabalhão montar, por causa de vários glitches técnicos que me atrapalharam. Eu acabei ficando bem mais tempo em cima daquilo do que tinha planejado. E passei muita raiva (risos).

Acontece que assim que publiquei, uma voz na minha consciência me pediu para apagar.

Eu nem sabia explicar direito por que me senti mal de ter postado, pois estava alinhado com o que tinha lido de várias fontes, e tambem batia com a minha experiência pessoal.

Resolvi seguir o feeling e apaguei logo, sem entender muito bem por que.

A explicação

Até que hoje de manhã chegou uma mensagem, um texto sobre eclipses vindo da escola onde estou estudando, o Forrest Center for Evolutionary Astrology.

O Steven Forrest é um dos melhores astrólogos hoje no mundo, e ao mesmo tempo é um cara muito responsável e pé no chão (quem olhar o mapa dele, disponível no Astrodatabank, vai entender por que).

Ele escreveu duas coisas que quero reproduzir aqui.

Primeiro que, na experiencia dele, os eclipses até podem ser sentidos, mas depende muito de se ele recai sobre algum ponto sensível do mapa da pessoa ou não.

Segundo, destacou que os eclipses solares são super Luas novas, e bons momentos para semearmos intenções, porque carregam a magia dos começos de ciclo.

(E, do ponto de vista técnico astrológico, também porque trazem os nodos lunares, que falam de karma e evolução, no seu bojo).

Mas o tom geral do texto era para dizer que na internet o fenômeno dos eclipses têm sido tratados com um hype exagerado; que as coisas não são bem assim.

Aí caiu a minha ficha de que eu reproduzi um pouco esse tom, do qual também não gosto. Obrigada Steve!

A sombra da Terra

Depois de pensar nisso tudo, separei uma única ideia que ainda acho que vale a pena explorar sobre o eclipse lunar, como o que vai acontecer hoje à noite (17 para 18 de setembro de 2024).

O eclipse lunar é quando Sol, Terra e Lua se alinham, com a Terra no meio, de forma que a sombra do planeta é projetada na face luminosa da Lua, alterando a sua cor, de forma parcial ou total.

Ou seja, é um momento em que a sombra da Terra fica escancarada pra todo mundo ver. Eu não sei se todos concordam, mas eu acho o simbolismo disso bem forte.

Falando em sombra da humanidade, aqui no norte de Portugal, hoje, está muito evidente que o ser humano está ultrapassando os limites do que o planeta Terra aguenta.

Há muitos focos de incêndios causados pelo homem, e em algumas áreas está difícil respirar. Já morreram algumas pessoas que estavam envolvidas no combate ou que moravam muito perto. As plantas e bichos então, foram dizimadas aos montes. Houve pessoas que ficaram presas na estrada sufocante, com o fogo ardendo na beira do asfalto. O Brasil e tantos outros lugares vivem um problema parecido. E a cada ano a coisa parece se agravar.

Eu nem estou tão perto dos piores focos, mas onde moro está bem estranho. A fuligem cai do céu e se deposita no parapeito das janelas. A fumaça encobre o sol, que fica num tom anormalmente vermelho. Na rua, os olhos ardem e a garganta fica irritada. É uma fumaça cheia de químicos prejudiciais à saúde humana. Nem dá vontade de sair de casa, levar a filha na escola e sujeitar ela a isso.

Mas a vida por enquanto segue normal. Tem lugares onde está bem pior.

Então, é uma sombra humana que ficou bem evidente pra mim hoje: nossa tendência a nos autodestruirmos, a nos sufocarmos na nossa própria toxicidade.

Hoje de manhã cedo chegou a bater um pânico quando saí do quarto e senti o cheiro da fumaça dentro da cozinha do meu apartamento. Pensei na hora que o que já estava ruim ontem devia ter piorado ao longo da noite, pois o cheiro ontem ainda não se fazia sentir.

Abri o mapa dos incêndios e vi uma parede de fogo espremendo o litoral norte, aqui onde estamos. Já comecei a pensar se nao seria o caso de sair da área antes que batesse o pânico geral e ficasse difícil circular. Algumas estradas próximas já foram fechadas.

Mapa dos incêndios no Norte de Portugal hoje pela manhã (17/9/2024)

A sombra mete medo mesmo. É uma força assustadora que ameaça destruir os nossos melhores propósitos.

Coletivamente, já existe esse termo, “ansiedade climática”. Tenho pena das gerações que estão crescendo e sentindo esse tipo de ansiedade. Sinto culpa por deixar para elas um mundo tão zoado. E me sinto responsável por fazer as pequenas coisas que posso, como reciclar, comprar menos, reduzir plástico, etc.

Sombra e Luz

Durante um eclipse lunar, então, aqui da Terra a gente vê a nossa própria sombra projetada na Lua.

Mas se estivéssemos lá na Lua olhando em direção à Terra, veríamos o nosso planeta envolto num anel de fogo solar. Mais ou menos como nesse video:

Alinhamento Sol – Terra – Lua durante um eclipse lunar

É uma visão muito bonita que me faz pensar em algumas coisas.

Se olhar a sombra de frente pode gerar medo, quando pensamos em algo maior como o Sol, vamos sentir que não temos tanto assim a temer.

Além de o Sol ser infinitamente maior do que a sombra, ela mesma é só um jogo, um efeito do próprio brilho do Sol.

A vida na Terra é dual, mas é tudo parte de um grande mecanismo de aprendizado.

Está tudo certo que haja sombra. Melhor ainda quando ela vem à tona e podemos tomar consciência dela.

Perfeito então será se diante dela, ao invés de nos amedrontarmos, lembrarmos do poder da luz do Sol, que nos circunda num abraço quente e luminoso, ajudando a dar sentido mesmo aos eventos e momentos mais escuros pelos quais passamos.

É sempre uma questão de elevar a perspectiva. Quando a gente se liga a algo maior do que nós mesmos fica mais fácil, e até mesmo produtivo, lidar com a sombra.

Um abraço cósmico,

Sam

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